Startup: o desafio do empreendedor para virar empresário
O empreendedorismo de oportunidade, aquele que o empresário decide investir seu tempo e dinheiro para formar uma empresa para atender a uma necessidade previamente identificada, ainda não se consolidou no Brasil. Apesar disso, a figura do empreendedor de startup, que tem vocação e assume riscos para tirar sua ideia do papel num novo negócio inovador, ganha relevância e contrasta com o executivo e o empresário padrão, que gerencia a empresa no dia a dia, com foco no lucro.
Poucas personagens do ecossistema das startups, como Steve Jobs (Apple), Mark Zukemberg (Facebook), e, aqui no Brasil, Rodrigo Borges (Buscapé), Marcelo Sales (Movile) e Gilberto Mautner (Locaweb), conseguiram unir essas características de um e de outro e entender bem o papel dos dois.
Novas gerações
É muito importante entender o papel do empreendedor e do empresário tanto para quem tem a intenção de se tornar dono do próprio negócio como para professores da disciplina de Empreendedorismo, inserida paulatinamente em diversos cursos da USP, FAAP e Mackenzie, ao lado da Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo (Fatec) e do Sebrae, e vão influenciar a formação das próximas gerações. Com estudo e prática, é plenamente possível se tornar um administrador, fazer a gestão de uma empresa e até abrir um novo negócio, tornando-se um empresário, mas como preparar a próxima geração de empreendedores do ecossistema startup?
Inovação + lucro
O grande paradigma de uma startup é inovar. Suas ações ocorrem num ambiente repleto de incertezas e suas premissas básicas são identificar e resolver um problema que impacta o maior número de pessoas ou empresas; vender e entregar essa solução de um modo e preço que permitam ter clientes e renda em grande escala, tendo em sua concepção a tecnologia, a inovação e acúmulo constante de conhecimento como marcas em seu DNA.
Do início ao lucro, startups podem consumir milhões em capital. Porém, uma parte delas fecha ou é vendida sem nunca ter lucrado após anos. Aí está uma tarefa árdua para os professores de Empreendedorismo: como ensinar um aluno a assumir um risco que não pode sequer ser calculado? Se tudo der certo e a startup crescer o suficiente, ter lucro e se consolidar, ela vira uma empresa ‘comum’, com novos desafios a serem vencidos e, provavelmente, vai precisar de um executivo padrão, um empresário.
Jogo no escuro
O empreendedor, que fundou a startup, percorreu o chamado ‘vale da morte’, por onde a grande maioria não passa e chegou, com êxito, ao oásis do lucro. Nem sempre consegue agregar as competências necessárias à sua curva de aprendizagem para conduzir essa nova fase. Aliás se preparar para o próximo estágio de uma startup é uma tarefa complicada.
Pequeno ou enorme, o crescimento de uma startup dificilmente sai como planejado. Pode se tornar uma empresa comum e estabilizar ou se agigantar e virar referência num nicho de mercado, saindo de uma sala para ocupar um ou mais andares de um prédio bem localizado em questão de poucos meses.
A trajetória de um empreendedor é acima de tudo, uma jornada pessoal, com experiências emocionais que vão levá-lo a dilemas e dúvidas fundamentais, como a viabilidade da sua ideia e a sua capacidade de montar um time eficiente, primeiro grande desafio de uma startup. A dura realidade do empreendedor pouco tem a ver com o glamour imaginado de simplesmente conseguir investimentos milionários. Outra questão essencial é a resiliência para buscar o ajuste fino do seu produto ou serviço e caminhar de erro em erro até atender ao que o cliente realmente precisa e está disposto a pagar para alcançar resultados de impacto. É como jogar no escuro.
‘Banho de loja’
Em tempos de crise econômica, desemprego, maior acesso ao ensino superior e programas públicos e privados de incentivo, o empreendedorismo se apresenta como uma opção viável de carreira. O acesso crescente da população à tecnologia da informação e dinheiro disponível, por meio de investidores anjo, fundos privados e estatais completam o ambiente propício para a criação de startups, negócios com base tecnológica, alta capacidade de expansão em curto espaço de tempo, iniciados por uma equipe bem reduzida.
Mesmo no empreendedorismo em negócios tradicionais termos e ferramentas comuns para startups, como Canvas, Proposta de Valor, Modelo de Negócio e Inovação, vão se tornando familiares e até empresas consolidadas têm se apropriado da ‘mentalidade startup’ para inovar e buscar diferencial competitivo. É o universo das startups contaminando e dando um ‘banho de loja’ nos processos e no mundo dos empresários veteranos.
Sobre nosso convidado:
Fernando Tomé, 41 anos, é especialista em Relações Internacionais, cofundador e Relações Institucionais da Aeris 22, uma startup que desenvolve sistemas para mapear e identificar preços mais acessíveis de produtos e serviços, por meio de uma licitação eletrônica, para empresas, entidades, instituições e pessoas, com mais eficiência e transparência.
Foi consultor, coorganizador do Baanco Challenge Social São Paulo. Desde 2000, organiza eventos, como feiras e eventos de negócios no Brasil, África do Sul, Moçambique e Botswana. Entusiasta e organizador de hackathons, maratona de tecnologia com jovens talentos, na Fiesp e no Tribunal de Contas do Estado de São Paulo em 2015.
E-mail: [email protected]
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