Uma das coisas que mais aprecio quando viajo é me deparar com a diversidade, com as peculiaridades das diferentes culturas. Adoro conhecer a história, as crenças, as tradições e valores de cada povo e entender como eles pensam, no que acreditam, como se relacionam. Gosto especialmente de conversar com as pessoas comuns em situações cotidianas, aprender com suas experiências de vida, acrescentar conhecimentos e amizades à minha bagagem. Isso é impagável!
Sediado em Berlim desde setembro, desta vez para realizar aqui na Europa a segunda edição do HandsOn Startup Tour, tenho sido questionado sobre qual é o maior aprendizado que vou levar desta experiência. Pois bem, uma das coisas que ratifiquei aqui na Europa, de um modo geral, é que o background educacional é bastante sólido. As pessoas são muito bem formadas e isso é visível nas relações interpessoais e profissionais. É impressionante como a maioria dos europeus, principalmente no campo do empreendedorismo, consegue elaborar coisas complexas e bem estruturadas.
Isso é, sem dúvida, um diferencial, mas, por outro lado, também é um fator limitador. Raciocinem comigo: pelo fato deles terem desenvolvido essa capacidade de pensar de forma complexa e bem estruturada, possuem dificuldade de pensar e criar coisas simples, coisas essas que são os maiores exemplos de escala na economia digital, possuindo grande impacto na vida cotidiana. Tenho conhecido pessoas extraordinárias aqui, mentes poderosas, capazes de criar coisas incríveis, mas que não conseguem executá-las porque não sabem como transformar suas ideias em soluções práticas. E aí mora o perigo. Eu já falei sobre isso em outros textos meus: a complexidade é inimiga da execução!
Mas aí eu parei para pensar mais profundamente nisso. Por que o europeu alcançou esse padrão de contexto educacional e consegue estruturar seus planos a longo prazo? Que variáveis formaram esse mindset que se diferencia tanto de países e sociedades emergentes? Aí é que vem o aprendizado que quero compartilhar com você e vou levar, com certeza, na minha bagagem de volta para casa.
É certo que o legado histórico de uma nação tem forte influência sobre seu ecossistema empresarial, mas o estágio de desenvolvimento do país também é determinante para a formação do modelo mental de um povo. Na Europa, principalmente nos países nórdicos, a população já tem suas necessidades primárias atendidas pelo Estado e as empresas recebem o suporte necessário para se desenvolverem. Usando aqui a referência da Pirâmide de Maslow, o cidadão europeu não precisa colocar energia na conquista de necessidades básicas e, portanto, pode investir em sua formação e desenvolver projetos de médio e longo prazo com mais tranquilidade.
Por outro lado, essa ausência de escassez, em termos de subsistência, tem como consequência uma certa acomodação na zona de conforto, onde a maioria da sociedade prefere ficar. Porém, aqueles que realmente possuem o DNA Empreendedor, sendo capazes de criar coisas que valem a pena e resolvem problemas práticos com potencial de escala, acabam conseguindo resultados incríveis, exatamente por entenderem a importância do longo prazo.
Comparando com o Brasil, a situação se inverte. Em nosso grau de desenvolvimento, as pessoas ainda lutam para ter suas necessidades primárias atendidas. O Estado não consegue cumprir seu papel e a população “se vira nos trinta” para garantir o pão de cada dia, a moradia, a renda, o acesso à educação. Num ecossistema assim, são raras as pessoas que alcançam uma educação sólida; que conseguem investir tempo para chegar num grau de excelência em sua formação.
Seguindo a mesma lógica dos contrapontos, por outro lado, os brasileiros desenvolveram a capacidade de pensar e executar soluções simples e práticas para resolver seus problemas do dia a dia. A escassez acaba, nesse contexto, sendo um elemento impulsionador para os empreendedores brasileiros. E qual é o problema então? Nosso mindset é criativo, porém imediatista, menos estruturado, e, em função disso, temos dificuldade de pensar a longo prazo.
A conclusão que cheguei e quero compartilhar é que países emergentes possuem uma grande vantagem na economia digital e criativa vigente. Lean Startup, Design Thinking entre outros temas desta nova economia que estão direcionando o desenvolvimento de produtos e empresas são, para nós, recursos conhecidos; presentes em nosso modelo mental. Sempre tivemos a diversidade que o Design Thinking pede, crescemos com poucos recursos e assim tivemos que fazer validações rápidas daquilo que criávamos. Aprendemos com o mercado — desde o momento que vendemos nossos primeiros serviços e produtos — a nos adaptar com agilidade para subir a onda e não deixar o barco virar… e isso me parece um legítimo Lean Startup.
OK, somos muitos bons nisso! Mas e agora, o que fazer com essas nossas forças que fazem parte do nosso ecossistema?
A minha resposta é que precisamos aprender a ser menos imediatistas em nossas iniciativas e buscar entender em profundidade aquilo que vamos realizar. Para aqueles que desejam entender como realizar isso, sempre abordo essa complexa temática de alguma forma em meus vídeos e postagens. Seja numa discussão mais reflexiva, ou em dicas práticas com exemplos reais, é sempre maravilhoso poder expandir e divulgar essa mentalidade disruptiva. Vamos potencializar nossa força criativa e adicionar a ela o pensamento de longo prazo do mindset europeu. Vem comigo?
Com relação a alguns dos conceitos que utilizei até agora (Lean Startup etc.), sugiro que você dê uma olhada nesta entrevista do programa Venture Capital com Eric Ries, autor do best-seller pela New York Times: “The Lean Startup”.
RB
#HandsOn
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